Eu tinha dado um tempo, é verdade. Dizer que tinha parado de escrever é mentira. No fundo eu só estava com vergonha. Parecia sem sentido continuar a escrever. Eu só não sei se essa vergonha era do ato de escrever ou dos pensamentos que me continham. De qualquer forma, foi um choque descobrir isso. Escrever é a forma de sinalizar o socorro. Ou a fúria. Ou o medo.
O medo. Esse bastardo! Está a me rodear, nesse exato momento. Talvez esse medo que tenha me constrangido. Me julgando, voraz, as palavras desmedidas. Querendo me apequenar. Me empobrecer. Querendo assaltar minha alma e devorar meu coração, sem qualquer pudor ou classe. Escrever é se expressar. Simples assim. O que se origina dessa expressão é revelador, renovador, frio ou triste. Eu levei um choque ao perceber-me constrangida de escrever. Expressar o que sentia, me aceitar como estava - porque estamos sempre mudando - de empoeirar. O medo, esse cretino sem alma, estava se nutrindo em minhas víceras. Pode parecer imbecil aos que lêem sem intimidade com o ato de escrever, mas voltar a rabiscar esse monólogo endurecido salvou minha vida. Salvou porque não me escondi novamente, mesmo sentindo o medo na nuca, grudado, sedento. Salvou porque eu me senti, depois de anos escondendo todo e qualquer sentimento, sentindo que era errado tudo aquilo que me cercava. Me reprimindo para agradar a todos. Salvou porque me reeduquei. Tive dignidade de olhar para o que eu ignorava. E eu nem sabia que ignorava. Não percebia que estava me julgando, me escondendo atrás de desculpas que eu mesma já não acreditava. Já não aceitava mais. Que estava me maltratando. Eu estava tão distante de mim... Percebo agora. Salvou porque me deu coragem de me olhar e de seguir também.
Era natural escrever, assim como respirar. Nesse momento, sinto-me desorientada, como quem acordou de um longo período de sono, e sente dificuldades para manter-se em pé. As palavras não se encaixam. Mas me contento. Por hora, sinto-me feliz em rever essa velha amiga, a literatura dos acometidos pela covardia do medo e resgatadora de sonhos.
Já que esse negocio sumiu com meu comentario antetior, vou postar again. Eu andei pensabdo mto sobre isso tbm. Nao consegui voltar a escrever aibda, mas to na esperança de algum dia voltar a escrever de novo. Fazer tudo o que está e debatendo aqui dentro sair e voar em liberdade pelo papel. Podem ser somente rascunhos no começo, uma zona. Uma bagunça total. Mas espero que aos poycos a naturalidade de escrever que foi aos poucos esmagada pela pressão do "crescer" e "amadurecer" volte, e eu possa ter a minha companheira de volta. E que nós possamos trocar textos novamente. E possamos passar horas escrevendo e lendo e compartilhando aquilo que nos juntou. Fico feluz de ver seu rearranjo. Espero que novos textos voltem a aparecer aqui =)
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