domingo, 22 de julho de 2012
E então...
Hoje a casa está fechada e o homem passa bem.
O homem é triste e sozinho, mas cozinha como ninguém. O lamentável é que se o indivíduo bater as botas, não haverá ninguém que notará essa partida, porque o homem, além de sozinho e triste, também é recluso. Como é sozinho e triste, acaba encontrando nas pessoas o seu passado, e começa a despejar sua vida porque ele é sozinho e triste, mas ainda é Humano.
O homem é bom, de fato. Fala demais porque não agüenta a condição isolada.
O fato é que ninguém o ouve porque estão ocupados com o trabalho, com a família, com seus pensamentos. O homem é gago e isso dá preguiça nas pessoas. Preguiça de esperar o que ele tem a dizer, e pressa também, por que afinal, trabalham e tem mais o que fazer.
Mas esse homem me achou e eu o ouvi, então ele vinha quando podia vir. E claro, eu trabalhava também, e também tinha questões a resolver, mas o ouvia.
Só que o homem era transparente, seus olhos me mostravam tristeza e cansaço, e não havia linha nem palavras que pudessem me provar o contrário.
Então eu o ouvia e ria de suas histórias saudosas, mas quando ele ia embora, os contos, a tristeza, o cansaço, sua pessoa pesada pelo tempo, me fazia chorar.
E eu chorava tão cegamente, chorava e pensava naquele homem tão bom e frágil, um coração cortado e comido pelo tempo, naqueles olhos que me indicavam que lutavam diariamente com seu maior medo; o de ficar sozinho. Chorava alucinadamente, pela perda da vida que ele buscava entender. Pela esposa já falecida, pelos filhos já tão distantes, pela frieza das pessoas, por aquela condição mal resolvida que ele vivia. Estava sendo definhado pela tristeza e o máximo que conseguiam dar a ele era pena.
Um homem tão cheio de histórias e vida não merece o sentimento de pena; merece o respeito profundo.
Mas infelizmente, esta história também será esquecida logo pela manhã, e quem sabe as respostas e as perguntas, todo o tempo que nos envolvem serão apenas um olhar vago no ar...
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